Queridos
irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos
convidados a preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da
esmola e da oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado
e a morte. Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de
um caminho pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da
Fraternidade propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas
públicas”.
Muito embora aquilo que se entende
por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja
finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições
devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam «o conjunto
das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e
associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium et spes, 74).
Cientes disso, os cristãos –
inspirados pelo lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo
direito e pela justiça» (Is 1,28) e
seguindo o exemplo do divino Mestre que “não veio para ser servido, mas para
servir” (Mt 20,28) – devem buscar uma participação mais
ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a
construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça. De fato,
como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso continente,
conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os
que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade
temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505).
De modo especial, àqueles que se
dedicam formalmente à política – à que os Pontífices, a partir de Pio XII, se
referiram como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa Francisco, Mensagem ao Congresso organizado pela CAL-CELAM,
1/XII/2017) – requer-se que vivam «com paixão o seu serviço aos povos, vibrando
com as fibras íntimas do seu etos e da sua
cultura, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que
anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixem
intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos, sendo competentes e
pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir e a aprender no
diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a misericórdia e a
reconciliação» (ibid.).
Refletindo e rezando as políticas
públicas com a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e irmãs,
que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da
Fraternidade, ajude todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para
que possam ver nos irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser
reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericórdia vultus, 15).
Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição poderá alcançar a
todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E para lhes confirmar
nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, de
coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem
de rezar por mim.
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