Qual a grande novidade do cristianismo, que devemos retomar hoje? Qual é o novo mandamento que Jesus veio anunciar? O que é a religião verdadeira? A pergunta também aparece na Bíblia, sinal de que já naquela época havia dúvidas ou concepções diversas e contrastantes da religião. Hoje, na época de mudança em que nos encontramos, a pergunta se torna ainda mais premente. O que é mesmo religião? Estou certo ou estou errado?
Alguns acham que a religião consiste em amar a Deus e deixar tudo por conta dele. Ele que se vire... É uma espécie de fatalismo. Deus, o todo-poderoso, tem que tomar conta de tudo. Nós só devemos aceitar a vontade de Deus, sem discutir.
Jesus não fala assim. Ele quer que seus discípulos amem a Deus como ele próprio, Jesus, ama. E para Jesus o amor a Deus, o Pai, nunca está separado do amor aos irmãos e irmãs. Só agindo como Jesus agiu, seremos reconhecidos como seus discípulos, como verdadeiros cristãos, como membros da religião verdadeira.
A resposta está no discurso de despedida de Jesus, seu testamento, que está no Evangelho de João, capítulos treze ao dezessete.
O Mestre não exige muito dos seus seguidores, apenas que se amem uns aos outros. Na verdade, o mandamento do amor já existia no Antigo Testamento, mas Jesus o transforma no novo mandamento. Nada tira, só acrescenta. A novidade está na extensão, no motivo e na medida: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Em outras palavras: ao ponto de doar a própria vida de forma gratuita. Este“como” é a novidade: como o Pai me amou, como o Pai me enviou. Significa que devemos amar como Deus ama, com a grandeza do coração de Deus, à semelhança Dele. Assim realizaremos a nossa vocação de filhos, criados à semelhança do Pai. Amar como Deus ama! É a nosso desafio, é a nossa vocação.
É justamente amando gratuitamente até as últimas consequências, se for preciso, que demostraremos que somos seus discípulos.
O amor autêntico e verdadeiro é a marca e a característica de quem se propõe seguir os passos do homem de Nazaré. “Assim todos reconhecerão que sois meus discípulos”.
O Mestre não pede amor para si, mas aos irmãos e às irmãs. Este será também o caminho da propagação eficaz da mensagem.
Não basta aderir a Jesus individualmente. É necessário demonstrar isso no compromisso amoroso com o próximo. A adesão a Jesus necessita ser expressa no cumprimento solidário com os sofredores. Essa é a prova mais cabal de que amamos a Deus. Se não amamos as pessoas não temos como provar que amamos a Deus. “Quem diz que ama a Deus e não ama seu irmão é mentiroso”, conforme diz a Primeira Carta de João.
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