“Tua Palavra é lâmpada para
meus pés e luz para o meu caminho” (Sl 119,105)
As pessoas buscam a felicidade. As pessoas querem ser
felizes.
As pessoas buscam a paz. A paz é um caminho.
As pessoas buscam um porto seguro para suas vidas, e a
vida nos apresenta um farol.
Todos nós caminhamos para um horizonte. Não podemos
bani-lo de nossa caminhada existencial, mesmo diante das incertezas. Mais do
que um porto seguro, nós devemos ter
e procurar um farol, que nos mostre o
caminho, que nos faz sempre sair, andar, caminhar, estar em movimento.
O porto seguro
é uma segurança, que pode nos acomodar e impedir continuarmos as nossas buscas.
O farol, ao contrário, é referência,
é uma sinalização por onde podemos ou não devemos andar.
A vida encerra riscos e pode ter imprevisibilidades. Por
isso, não se pode perder de vista o horizonte que faz parte da própria
experiência de fé cristã. O cristão é convidado a mergulhar no seio da história
a fim de encontrar sinais do Espírito que testemunhem a vitória da vida sobre a
morte e a superação dos medos que bloqueiam a passagem, a páscoa da
transfiguração do mundo e sua trans-significação conforme o Mistério Pascal de
Cristo. Enfim, o Espírito faz surgir no coração humano, mesmo daqueles que não
creem, o desejo incessante de buscar saídas para os problemas éticos de nossos
dias. A fé cristã é pensada como caminho, que às apalpadelas vai seguindo a
lógica simbólica da Revelação. É necessária uma concepção de fé cristã que,
recuperada desde suas origens, seja lida com o horizonte da vida em Cristo, que
é um horizonte cheio de possibilidades para o agir humano e não certezas
sedimentadas e fixadas para a ação.
A vida
cristã não quer ser um conjunto de regras e leis morais que impedem a pessoa de
fazer o seu discernimento, de usar sua liberdade e de fazer o seu caminho. A
moral cristã não é pois uma camisa de força nem um brete por onde ou se passa
ou não há outra opção possível.
A Palavra de Deus (e a fé) é luz para o nosso caminhar,
para o nosso viver, para as nossas escolhas. O próprio Jesus se apresenta para
nós como “Caminho, Verdade e Vida” (cf. Jo 14,6). Hoje, mais do que ensinar o
caminho (porto seguro), é preciso
mostrar como caminhar e por ande andar (farol).
Havia uma época em que se mostrava os endereços a partir de uma referência
(casa, rua, árvore, loja, estrada, etc.). Hoje temos GPS, que nos leva onde
queremos ir.
A vida cristã também é assim. Devemos ajudar, através da
evangelização, a que as pessoas tenham uma experiência de Deus e, a partir
disso, saibam também conduzir suas vidas em consonância com o que se crê e o
que se vive, não separando fé e vida, mas interagindo, confrontando,
orientando, colocando-se sempre em movimento, em busca de, em crescimento.
Muito mais do que um porto
seguro, precisamos de um farol.
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